sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Comissão de Feliciano aprova projeto que permite templo vetar gay


Sob o comando do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), a Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou nesta quarta-feira (16) projeto de lei que livra os templos religiosos, padres e pastores de serem enquadrados na lei de discriminação se vetarem a presença e participação de pessoas "em desacordo com suas crenças".
Na prática, a proposta quer evitar que os religiosos sejam criminalizados caso se recusem a realizar casamentos homossexuais, batizados ou outras cerimônias de filhos de casais gays ou mesmo aceitar a presença dessas pessoas em templos religiosos.

Autor do projeto, o deputado Washington Reis (PMDB-RJ) propõe alterar uma lei de 1989 que define como crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Essa norma estabelece prisão de um a três anos para tais situações.
Segundo parlamentares, essa lei é utilizada atualmente por homossexuais que se sentem discriminados. A criação de uma lei específica contra a discriminação de gays sofre resistência no Congresso.
"Deve-se a devida atenção ao fato da prática homossexual ser descrita em muitas doutrinas religiosas como uma conduta em desacordo com suas crenças. Em razão disso, deve-se assistir a tais organizações religiosas o direito de liberdade de manifestação", afirmou Reis.
A posição foi reforçada pelo relatório do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). "O alcance da lei, antes voltado mais à questão racial, tem sido ampliado, tendendo a estender proteção também à prática homossexual. Assim, [a proposta] esclarece melhor o alcance da referida norma ao diferenciar discriminação de liberdade de crença", disse ele.
"As organizações religiosas têm reconhecido direito de definir regras próprias de funcionamento e inclusive elencar condutas morais e sociais que devem ser seguidas por seus membros", completou Bolsonaro.
O texto, que foi aprovado pela comissão formada majoritariamente por evangélicos, segue para votação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.

Programa Campus - Gays e Religião


Até que ponto as religiões brasileiras estão abertas à diversidade sexual?
Este é o debate em pauta neste Programa Campus. Confira!



Publicado em 18/10/2013

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sir Elton John afirma que Papa Francisco é um “milagre de humildade”


A edição italiana da revista Vanity Fair elegeu o Papa Francisco como seu “Homem do Ano” com o apoio do cantor Sir Elton John.
A revista traz o papa Francisco na capa de sua nova edição e afirma que Francisco fez o bastante em seus primeiros 100 dias como papa para ser colocado no topo da lista de líderes mundiais que fazem história.
Num tributo que acompanha a reportagem, Sir Elton John escreve: “Francisco é um milagre de humildade numa era de vaidade”.
Ele afirma que a mensagem do Papa Francisco se estenderia às comunidades que desesperadamente precisam de seu amor, incluindo gays e homens, mulheres e crianças com HIV e Aids e que frequentemente se encontram sozinhas e escondidas pelo silêncio.
“O farol de esperança do papa Francisco trará mais luz do que qualquer outro avanço da ciência, pois nenhum remédio tem o poder do amor”, afirmou Sir Elton John.
Seu apoio ao Papa surpreenderá alguns, considerando seus conflitos passados com a Igreja a respeito de questões como o casamento gay e a contracepção na África.


Deus, na criação, tornou-nos livres


Entrevista de Francisco à ‘Civiltà Cattolica’

«Devemos anunciar o Evangelho em todos os caminhos, pregando a boa nova do Reino e curando, também com a nossa pregação, todo o tipo de doença e de ferida. Em Buenos Aires recebia cartas de pessoas homossexuais, que são “feridos sociais”, porque me dizem que sentem como a Igreja sempre os condenou. Mas a Igreja não quer fazer isto. Durante o voo de regresso do Rio de Janeiro disse que se uma pessoa homossexual é de boa vontade e está à procura de Deus, eu não sou ninguém para julgá-la. Dizendo isso, eu disse aquilo que diz o Catecismo. A religião tem o direito de exprimir a própria opinião para serviço das pessoas, mas Deus, na criação, tornou-nos livres: a ingerência espiritual na vida pessoal não é possível. Uma vez uma pessoa, de modo provocatório, perguntou-me se aprovava a homossexualidade. Eu, então, respondi-lhe com uma outra pergunta: “Diz-me: Deus, quando olha para uma pessoa homossexual, aprova a sua existência com afecto ou rejeita-a, condenando-a?” É necessário sempre considerar a pessoa. Aqui entramos no mistério do homem. Na vida, Deus acompanha as pessoas e nós devemos acompanhá-las a partir da sua condição. É preciso acompanhar com misericórdia. Quando isto acontece, o Espírito Santo inspira o sacerdote a dizer a coisa mais apropriada».
«Esta é também a grandeza da confissão: o facto de avaliar caso a caso e de poder discernir qual é a melhor coisa a fazer por uma pessoa que procura Deus e a sua graça. O confessionário não é uma sala de tortura, mas lugar de misericórdia, no qual o Senhor nos estimula a fazer o melhor que pudermos. Penso também na situação de uma mulher que carregou consigo um matrimónio fracassado, no qual chegou a abortar. Depois esta mulher voltou a casar e agora está serena, com cinco filhos. O aborto pesa-lhe muito e está sinceramente arrependida. Gostaria de avançar na vida cristã. O que faz o confessor?»
«Não podemos insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e uso dos métodos contraceptivos. Isto não é possível. Eu não falei muito destas coisas e censuraram-me por isso. Mas quando se fala disto, é necessário falar num contexto. De resto, o parecer da Igreja é conhecido e eu sou filho da Igreja, mas não é necessário falar disso continuamente».
«Os ensinamentos, tanto dogmáticos como morais, não são todos equivalentes. Uma pastoral missionária não está obcecada pela transmissão desarticulada de uma multiplicidade de doutrinas a impor insistentemente. O anúncio de carácter missionário concentra-se no essencial, no necessário, que é também aquilo que mais apaixona e atrai, aquilo que faz arder o coração, como aos discípulos de Emaús. Devemos, pois, encontrar um novo equilíbrio; de outro modo, mesmo o edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas, de perder a frescura e o perfume do Evangelho. A proposta evangélica deve ser mais simples, profunda, irradiante. É desta proposta que vêm depois as consequências morais».
«Digo isto também pensando na pregação e nos conteúdos da nossa pregação. Uma bela homilia, uma verdadeira homilia, deve começar com o primeiro anúncio, com o anúncio da salvação. Não há nada de mais sólido, profundo e seguro do que este anúncio. Depois deve fazer-se uma catequese. Assim, pode tirar-se também uma consequência moral. Mas o anúncio do amor salvífico de Deus precede a obrigação moral e religiosa. Hoje, por vezes, parece que prevalece a ordem inversa. A homilia é a pedra de comparação para calibrar a proximidade e a capacidade de encontro de um pastor com o seu povo, porque quem prega deve reconhecer o coração da sua comunidade para procurar onde está vivo e ardente o desejo de Deus. A mensagem evangélica não pode limitar-se, portanto, apenas a alguns dos seus aspectos, que, mesmo importantes, sozinhos não manifestam o coração do ensinamento de Jesus.»

Papa Francisco abençoa grupo gay católico em carta


Contrapondo o seu antecessor, Bento 16 , o papa Francisco deu mais um sinal de que deseja estabelecer uma relação mais tolerante e aberta com a comunidade gay. A julgar pela informação publicada nesta quinta-feira (10) pelo jornal italiano La Repubblica. De acordo com a publicação, o líder da Igreja Católica abençoou numa carta o grupo LGBT católico Kairos, da cidade de Florença.

Anteriormente, no último mês de junho, o Kairos havia enviado uma carta ao pontífice pedindo que os homossexuais fossem tratados pela Igreja como pessoas e não como uma ‘categoria’ e que o debate fosse aberto com a comunidade gay. O grupo ressaltou na correspondência que a falta de diálogo alimenta a homofobia.


“Nunca tínhamos recebido qualquer tipo de resposta”, revelou Innocenzo Pontillo , um dos líderes Kairos, que ressaltou o caráter amigável da mensagem do papa. “Ele aprovou de sobremaneira o que escrevemos para ele, chamou a iniciativa de ‘gesto de confiança’”, prosseguiu Pontillo.
O integrante do Kairos ficou espantando com o fato de Francisco ter abençoado o grupo. “O Papa também confiou a nós a sua saudação de benção... Nenhum de nós poderia imaginar nada parecido com isso”, admitiu Pontillo.
Francisco tem dado recorrentes declarações mais tolerantes aos gays nos últimos meses. Em julho, na despedida de sua viagem ao Brasil, o papa defendeu que homossexuais não fossem julgados ou marginalizados por conta de sua orientação sexual.
"O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser marginalizados por causa disso (orientação sexual), e sim que devem ser integrados à sociedade", declarou o papa Francisco na ocasião.


    Fonte

    Site do Gruppo Kairos

    segunda-feira, 14 de outubro de 2013

    Nosso próximo evento aberto: "Gays e suas famílias", neste sábado, 19/10


    Queridos amigos,

    Organizamos mais uma tarde de encontro e partilha, agora sobre os novos formatos familiares e a relação dos gays com suas famílias, abrindo espaço para a troca de experiências entre pais e mães de gays e gays que são pais, mães, tios... e como conciliam sua identidade LGBT com sua fé cristã, como vivem sua identidade religiosa e como sentem a comunidade da qual fazem parte.

    Desta vez estaremos na UFF, em Niterói, no Campus do Gragoatá (Instituto de Educação Física, - 1ª entrada, no lado oposto do Clube Canto do Rio, próximo à estação das barcas), no sábado, dia 19/10, das 14h às 17h. A programação está abaixo - é só clicar na imagem para vê-la em tamanho ampliado - e você pode acessar a página do evento no Facebook clicando aqui.


    A entrada é franca e não é preciso realizar inscrição. Esperamos você lá!

    domingo, 13 de outubro de 2013

    O rosa


    O rosa é uma das cores que mais identifica os gays, a outra é o lavanda, mas a força semântica do rosa é ainda maior. Os homossexuais enviados para o campo de concentração eram identificados com um triângulo rosa, quando o grupo Act-Up (Action to Unleash Power) de luta contra a epidemia de Aids foi criado, eles inverteram o triângulo e o utilizaram como símbolo. No entanto, o rosa não está presente na bandeira gay, porque o tecido era difícil de ser encontrado.

    A novidade da Parada gay do Rio deste ano foi o carro da Mangueira que trouxe o rosa para a avenida. 
    Quem criticava a parada gay afirmando que ela era apenas um carnaval fora de época, que não era um ato político, este ano teve a comprovação absoluta disso.

    No entanto, essa convicção é um equívoco. Desde a primeira parada gay em 1970 nos EUA, ela já era uma comemoração, um registro, um aniversário da revolta de Stonewall no ano anterior. 

    A primeira parada gay do Brasil aconteceu aqui mesmo no Rio em 1995 depois da Conferência da ILGA (International Lesbian and Gay Association), até então, o movimento gay local não havia tido força para fazer uma parada. De lá até esta 18ª edição, a realidade mudou bastante e as paradas contribuíram e foram um registro dessas mudanças.

    Elas são uma celebração da vida, uma homenagem aos que foram, um carro este ano homenageava Gabriela Leite, a criadora da Daspu, que lutou pela dignidade e direitos das prostitutas. Cada pessoa que participa da parada sabe porque está ali, pelo que passou para estar ali, ela é um símbolo de liberdade, para que todas as pessoas no Brasil e no mundo, inclusive na Rússia e países africanos onde elas foram proibidas, que a população LGBT tem o direito de ser reconhecida e respeitada. 

    Quem lutou e luta pelos direitos humanos e contra a aids, pode naquele momento celebrar seus esforços, olhar ao redor e contemplar um mundo diferente e se sentir bem por ter contribuído para as mudanças.

    É também um momento para se fortalecer e ter energia para enfrentar os problemas que afligem a vida da população LGBT. 

    A energia do Act-Up, o seu triângulo rosa invertido está fazendo falta, o silêncio continua matando, a população gay é oito vezes mais afetada pela epidemia de aids. Na Inglaterra, um em cada 7 homens gays é HIV+. No Brasil, o grupo de homens homossexuais voltou a ser o mais atingido pela epidemia. Os jovens gays não temem a aids como os gays com mais de 40 anos. A previsão é de que os próximos dados estatísticos sobre a epidemia no Brasil vão deixar todos estarrecidos. 

    A parada gay é uma festa doce e amarga. O rosa que alegra, também entristece. São tantos os problemas, os transgêneros ainda são o grupo mais marginalizado, os que precisam mesmo de mais atenção do movimento, a maioria apresenta a marca da pobreza, da dificuldade de acesso ao ensino, à qualificação, da necessidade de se prostituir, da violência que sofrem, não é a toa que estão presentes, desde a revolta de Stonewall é assim, a linha de frente de batalha sempre foi a dos transgêneros, a partir de pioneiras como Silvia Rivera nos EUA e Jane Di Castro e Eloína que estavam no carro que abriu a parada gay deste ano. Jane desde a primeira parada do Rio canta o Hino Nacional na abertura. 

    Os transgêneros são a maioria e isso não espanta porque são os que mais sentem necessidade de estar ali. A parada também teve um grupo de black blocs, um deles carregava o cartaz: "Gay discreto é homofobia. Contra a heterossexualização da política."

    Apenas um carro trazia uma mensagem religiosa. Na realidade de tolerância em relação às outras religiões, em especial, às de matriz africana e um grupo à frente desse carro, carregava o cartaz de uma igreja evangélica inclusiva.

    Há uma solução bem simples para quem critica a parada gay por não se sentir representado: ir lá; e alguns membros do Diversidade Católica estavam presentes. 

    Estamos juntos nessa luta pelos direitos, inclusive o de celebrarmos "a dor e a alegria de sermos quem nós somos".

    Texto: Hugo F Nogueira

    Um espinho na carne


    II Coríntios, 12 - Bíblia Ave Maria
    1. Importa que me glorie? Na verdade, não convém! Passarei, entretanto, às visões e revelações do Senhor.
    2. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado até o terceiro céu. Se foi no corpo, não sei. Se fora do corpo, também não sei; Deus o sabe.
    3. E sei que esse homem - se no corpo ou se fora do corpo, não sei; Deus o sabe -
    4. foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir.
    5. Desse homem eu me gloriarei, mas de mim mesmo não me gloriarei, a não ser das minhas fraquezas.
    6. Pois, ainda que me quisesse gloriar, não seria insensato, porque diria a verdade. Mas abstenho-me, para que ninguém me tenha em conta de mais do que vê em mim ou ouve dizer de mim.

    7. Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade.
    8. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim.
    9. Mas ele me disse: Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo.
    10. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte.
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