sábado, 17 de agosto de 2013

Francisco e Maria


Papa Francisco e uma história de Maria às irmãs clarissas:

Irmã Maria Concetta: "Contou-nos uma coisa simpática, bonita, que nos fez a todos sorrir, inclusive ele mesmo: Maria está à porta do Paraíso; São Pedro nem sempre abre a porta quando chegam os pecadores e, então, Maria sofre um pouco, porém, permanece ali. E à noite, quando se fecham as portas do Paraíso, quando ninguém vê e ouve, Maria abre a porta do Paraíso e deixa entrar todos."

(Encontro com as irmãs clarissas em 15/08/2013. Via Facebook)

Nossa Senhora da Cabeça


Minorias e a arte da deflexão



Dia desses passei por um post na internet falando que as minorias estavam virando maioria. Li uma boa parte, tentando entender o argumento do escritor. Lá ele falava que as minorias em suas exigências tornavam-se tão arbitrárias quanto a maioria. Há um erro nesse tipo de julgamento - além da distorção óbvia: minorias não estão ficando arbitrárias, minorias são pessoas. Seres humanos com erros e acertos, seres humanos nem sempre equilibrados como quase todos os outros. Ora, se são seres humanos, não é porque eles reivindicam algo certo que eles terão que ser coerentes em todos os aspectos da vida.

Vejo muita gente achando-se correta ao dizer "as minorias já têm muitos direitos", porém esse raciocínio presumidamente lógico carece de um fator importante, que é o conhecimento de causa. É fácil afirmar que as minorias têm muitos direitos lendo leis e assistindo TV, porém, quando olhamos para o mundo além das letras impressas e das telas animadas percebemos que direitos é uma noção ainda utópica quando se fala de minoria.

Lei Maria da Penha, PLC 122 (me recuso a chamar um projeto de lei tão amplo de Lei contra Homofobia apenas), Constituição Brasileira, são alguns exemplos de textos utópicos aprovados por um Poder Legislativo incompetente, não executadas por um Poder Executivo parcial e não fiscalizadas por um Poder Jurídico fingido.

Então, antes de dizer que "as minorias tem direitos demais, mas, ei, não sou preconceituoso" ou algo similar, lembre-se que a cada 12 segundos uma mulher é estuprada. Setenta por cento dos gays de São Paulo já foram agredidos, há mais de 45 milhões de pessoas com deficiência e mais de 16 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza no Brasil. As minorias não tem direitos assegurados, elas tem papéis carimbados e assinados.

São pequenas agressões diárias, pequenas piadas, pequenos desaforos que engrossam e embasam esses números. Quantas vezes você xingou, nem que fosse mentalmente, alguém de viado? Quantas vezes xingou uma pessoa de gorda? Ou pensou com desdém "só podia ser coisa de preto/pobre"? Já fiz todas as coisas acima, e o chocante é perceber que todas as vezes que falei algo assim foi automaticamente. Não houve um filtro entre o que meu consciente pensa e minha boca. Escapou o que mais tinha em meu subconsciente, eu que sou gorda, filha de negro pobre, criada na periferia e que tenho dezenas de amigos queridos que são gays. É muito triste perceber que por mais que tentemos nós acabamos reproduzindo aquilo que tanto nos falam. Aquilo que tanto criticamos.

Muita gente se incomoda com os ativistas radicais. Acham que eles são uns chatos que vêem preconceito em tudo quanto é lugar. O problema é que há preconceito em todo lugar, porém, a maioria das pessoas fica calada enquanto uns poucos corajosos colocam a boca no trombone chamando atenção para aquela situação. Os ativistas radicais são extremamente necessários, precisamos deles para incentivar os incomodados que temem, para cutucar aquela ferida que preferimos esconder ao invés de tratar. E quando um movimento começa a ganhar visibilidade a primeira coisa que quem quer manter o sistema faz é tentar descreditar o discurso dele. Apontam para falhas pessoais de seus líderes, para problemas na organização, aproveitam-se dos preconceitos para deslegitimar um movimento legítimo, usando balelas como esta de que as minorias já tem direitos demais.

Por isso afirmo que não há direito demais para as minorias. Há minorias demais para poucos direitos, respeito de menos para necessidades demasiadas. O seu direito só é reforçado no momento que um direito é assegurado para alguém que não o tinha, não o contrário. Não classifique direitos como algo econômico que quando um usufrui outro perde. Direito e respeito são coisas que podemos usar sem medo de acabar.

- Rebeca Duarte, no sempre excelente e imperdível Minoria é a Mãe

Odetinha


Exposição "Crux Crucis Crucifixus"


Encontra-se em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, até o dia 23 de setembro, a exposição Crux Crucis Crucifixus: O universo simbólico da cruz". A exposição apresenta peças que vieram do Museu de Arte Sacra de São Paulo e teve curadoria de Dalva de Abrantes. 

Logo na abertura, uma imagem se destaca muito, uma imagem de Cristo do Séc. XVIII, do recolhimento de Santa Tereza. É possível circular ao entorno da imagem em escala humana, além do efeito estético, ela tem um significado e um impacto religioso muito grande. Lembra a primeira encíclica de Francisco que cita o impacto que se tem diante da imagem de Cristo cruficicado, uma análise desse trecho já foi postada aqui no blog: Cristo Morto no Sepulcro.

Só essa experiência já justificaria a visita, mas ela oferece muito mais, como os retábulos da antiga matriz de Santo Amaro (SP), uma também marcante imagem de Cristo do século XVI, portanto, bem antiga, e um grande cruzeiro do século XVII.

Outra sala de grande interesse recebeu o nome de "Simbolismo das Cruzes" e apresenta imagens de cruzes ao longo de toda a história da humanidade e seus respectivos significados, por exemplo, o da suástica, apropriada pelos nazistas, mas que recebeu significados diferentes ao longo da história e em diferentes culturas.

A visita é recomendada não só pela experiência estética, mas também espiritual que suscita. Ela, inclusive, foi montada como parte dos eventos da Jornada Mundial da Juventude.

Imagem: Detalhe do Cristo do Séc. XVIII do recolhimento de Santa Tereza, retirada do folheto da exposição.

Um olhar sobre a igualdade no casamento a partir de uma perspectiva histórica


O debate sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo está se intensificando nestes dias nos Estados Unidos, seja nos tribunais, nos meios de comunicação, na Conferência dos Bispos dos EUA e até entre os próprios amigos e familiares. Nas profundezas das fissuras, corre um amplo fluxo de uma história pouco conhecida que pode trazer alguma calma.

A visão bíblica
Para a maioria de nós, o casamento tem sido moldado pela nossa cultura, em grande parte fundada sobre o livro de Gênesis e desenvolvida ao longo de séculos de tradição. Deus criou os seres humanos masculinos e femininos – Adão e Eva – para serem parceiros que se apegam uns aos outros para cumprir o mandato de crescer e multiplicar. Após a queda, o restante do Gênesis relata os resultados: os descendentes aumentam, e o mal se multiplica. Deus determina que se faça um novo começo: o dilúvio, Noé e a arca da família, uma aliança que garanta a proteção de Deus. Mas o mandato de crescer e multiplicar permanece.

E assim seguem os séculos relatados nos Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, com o casamento como uma instituição fundamental. Para cumprir o mandato, os maridos têm muitas esposas; os membros da família se casam entre si; os senhores engravidam, às vezes fundando um novo povo (Abraão, Hagar e os ismaelitas); os meninos se casam aos 14 anos e as meninas aos 12 – tudo para garantir a continuidade das famílias. Nesse longo processo, o mandato está em seu caminho para o cumprimento, mas uma nuvem paira logo acima do horizonte: o que fazer quando o mandato for cumprido?

Os judeus e os cristãos primitivos
Adotando o Gênesis e o restante da Bíblia como próprios, os judeus e os cristãos da antiguidade adotaram a instituição do casamento tal como definido nas suas páginas. No entanto, o casamento também era uma instituição do mundo em que eles viviam, um mundo romano onde o verdadeiro casamento – o matrimônio – era uma união em que um casal consentia em viver juntos com afeto e respeito mútuos e criar uma família. Para pagãos, judeus e cristãos, o consentimento mútuo era legal e literalmente o cerne da questão no seu mundo romano e do qual uma série de leis e costumes fluiu, incluindo as suas formas distintas de se casar.

Enquanto os cristãos se espalhavam para o oeste, tornando-se mais numerosos – em meados do século IV, eles eram 30 milhões de uma população de 60 milhões no Império Romano –, alguns pensadores cristãos primitivos começaram a se preocupar com a nuvem sobre o horizonte: o céu já estava muito carregado. De fato, Santo Agostinho, o célebre bispo de Hipona, na África romana, de 395 a 430, pensava que a nuvem já havia se deslocado do horizonte para o centro do seu céu mediterrâneo, ofuscando, de fato ameaçando, a sua "Cidade dos Homens".

Comentando sobre o livro de Gênesis, Agostinho argumentava que, após a queda do paraíso, Adão e os seus descendentes estavam vinculados pelo preceito de crescer e multiplicar até que ele fosse cumprido por Abraão e pelos seus descendentes, os patriarcas. Agora cumprido, concluía ele, o mandato de crescer e multiplicar tinha sido substituído por uma concessão: permitir que os casais tivessem relações sexuais sem o mandato de procriar. De fato, São Paulo tinha proposto uma solução: "É melhor casar-se do que ficar abrasado de paixão" (1Coríntios 7, 8-9).

Agostinho viu que o casamento estava aqui para ficar, oferecendo três importantes benefícios sociais – fidelidade, prole e uma união sagrada. Pela fidelidade, ele se referia ao compromisso de fazer sexo apenas com o cônjuge; pela prole, a ter e criar filhos; e pela união sagrada, a um vínculo que significa a união indissolúvel entre Cristo e a Igreja descrita na Carta aos Efésios (5, 31-32).

Enquanto o tempo passava e a população crescia, o pensamento de Agostinho sobre o casamento gradualmente mudou. Tutelado pelo seu mundo romano e pela sua vida pastoral como bispo, ele viu o que tornava o casamento, casamento: o consentimento mútuo a uma vida juntos caracterizada pela afeição e respeito conjugais. A importância da prole, uma razão tão proeminente para o casamento, gradualmente recuou na sua mente, porque a sua vida pastoral levou-o a se encontrar face a face com inúmeros casamentos sem filhos que ele considerava como verdadeiros casamentos.

A visão cristã medieval
O pensamento de Agostinho sobre o sexo e o casamento esteve na raiz das tradições sobre sexo e casamento no Ocidente, porque ele era o único Padre da Igreja que escreveu extensivamente sobre sexo e casamento. Pensadores e escritores cristãos ao longo dos séculos estiveram profundamente em dívida com Agostinho.

Com o surgimento das universidades no fim do século XII, por exemplo, seus mestres – os primeiros escolásticos – procuraram determinar como o casamento, no seu mundo secular, se encaixava no seu mundo sacramental. Um debate afiado surgiu entre eles sobre o que constituía o verdadeiro casamento.

Um grupo argumentava que era no momento da consumação sexual que o verdadeiro casamento existia, porque a consumação encarnava a união entre Cristo e a Igreja. Um segundo grupo argumentava que era o consentimento dado no presente para viver juntos como parceiros iguais com afeto e respeito mútuos que encarnava a união.

Até o fim do século, a posição "consentimentista" tinha ganhado o debate, principalmente porque o seu arquiteto, o proeminente teólogo parisiense Pedro Lombardo, tinha escrito um livro que se tornou o texto da teologia pelos próximos 400 anos.

Uma visão contemporânea
Assim, por cerca de 1.600 anos, o que tornava o casamento um verdadeiro casamento era o consentimento, a partir do qual seus três benefícios – fidelidade, filhos e união sagrada – fluíam. Se um casal podia ter filhos era, assim como a atração sexual, o chamado da natureza – não o que torna o casamento, casamento.

Embora os casais do mesmo sexo possam ter um filho por adoção e criar a criança em um lar caracterizado pelo afeto e respeito mútuos, eles não podem gerar um filho por conta própria. Muitas vezes, essa mesma situação é o caso para duas pessoas casadas de sexo oposto que adotam uma criança e a criam. Não se pode dizer que qualquer um dos dois casais violou a lei da natureza ao se casar.

Dada a porcentagem de pessoas a favor e contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mais de 60% dos cidadãos norte-americanos, incluindo católicos, parecem concordar com o que os nossos antecessores ocidentais concluíram sobre o que verdadeiramente constitui o casamento, seja para um casal de sexo oposto, seja do mesmo sexo, isto é: o consentimento a uma vida juntos entre parceiros infundidos com carinho e respeito constitui o verdadeiro casamento, a partir do qual os benefícios sociais fluem.

- Thomas M. Finn, professor emérito de religião no College of William and Mary, em Williamsburg, Virgínia, nos EUA, e autor de Sex and Marriage in the Sentences of Peter Lombard, publicado na revista Theological Studies, março de 2011.

O artigo foi publicado no sítio National Catholic Reporter, 03-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto, aqui reproduzida via IHU.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Próximo encontro da Pastoral da Diversidade, em São Paulo: sábado, 17/08


É neste sábado (amanhã!) o próximo encontro da Pastoral da Diversidade em São Paulo. Todos estão convidados. Mais informações no e-mail pastoraldiversidadesp@yahoogrupos.com.br ou na página da Pastoral da Diversidade no Facebook (aqui).

"No próximo sábado, 17 de agosto, dia de São Roque, estaremos celebrando mais uma missa da nossa Pastoral da Diversidade. Oportunidade de rezar ao padroeiro que nos protege das doenças epidêmicas (como a peste, que ele próprio enfrentou como enfermeiro e com a qual se contaminou neste trabalho). Nos faz pensar no HIV que ainda atinge de forma impiedosa aos gays, que são cerca 1 em cada 4 casos de infecção pelo vírus, ou no HPV que atinge um grande número de mulheres, entre elas, as lésbicas."

(Lula Ramires)

A ostensiva onipresença da homotransfobia



Ivone Pita nos apresentou esta semana este texto didático e inspirado, em que explicita com muita lucidez a presença pregnante da violência contra LGBTs em nossa sociedade. Aliás, não deixe de visitar seu novo blog, aqui. :-)

A violência homotransfóbica está em todos os lugares. Em nossas próprias casas, em nossas famílias, na escola, no trabalho, na rua, pode estar em um ônibus, no cinema, no teatro, na praia ou em uma caminhada pelo calçadão. A violência homotransfóbica tem muitas formas e graus de expressão e não tem alvo certo. Como toda violência, torna-se descontrolada e, incontrolável, atinge qualquer um, em qualquer lugar e sob qualquer circunstância. A homotransfobia é um monstro cruel e de muitas faces – uma criatura implacável, de muitos braços, muitas pernas e muitas cabeças – vazias ou cheias de questões mal resolvidas, de ordem sexual, psicológica e social, perpassa todas as classes, todas as instâncias, tem muitas habilidades e acha até que pode ficar invisível, passar despercebida. Não, não fica. Ela passa despercebida apenas aos mais desavisados. Para nós, seus alvos preferidos, mas não exclusivos, ela é bem chamativa, feia e assustadora.

E, sim, temos medo. Muito medo. Não um medo infundado, paranoico, inventado ou suposto. Nosso medo é muito concreto e nos chega através de palavras violentas, cerceamentos, sangue, dentes arrancados, carne rasgada, órgãos esmagados e ossos quebrados, quando não com a cara da morte. Mas depois tudo se transforma em estatística. E eu quero rostos, quero vozes, quero histórias. Eu quero ver a gente que só quer amar. Quero ver as pessoas que por ousarem ser quem são, foram agredidas, apanharam e sobreviveram. Quero ver como carregam suas dores. Quero ver como andam pelo mundo, como caminham entre as gentes. Como olham para o mundo, o que pensam. Quero que nos digam por quais transformações passaram. Quero que venham a público falarem de seu enfrentamento cotidiano do medo, do rancor, do constrangimento, da vergonha, da raiva, da sensação de impotência. Todas essas coisas que ninguém quer ver, das quais ninguém quer saber.

A violência que sofremos nos chega sob tantas formas e por tanto tempo. Quando cada caso de agressão, de desrespeito, de morte, de ofensa, de negação de direitos termina em apenas um apanhado de números. Quando anúncios espalhados em outdoors dizem que não deveríamos existir. Quando todos nos dizem quem podemos ou não amar. Quando por toda nossa infância, adolescência e juventude nos cobram a respeito de quem namoramos. Quando não podemos ser quem somos no trabalho. Quando temos de esconder parte de nós na escola. Quando somos perseguidos na vizinhança, na família, no colégio, na faculdade. Quando propõem nossa cura absurda e inexistente. Quando não podemos beijar livremente quem amamos nas ruas. Quando andar de mãos dadas se torna uma temeridade. Quando mesmo um falar ao telefone precisa ser cercado de cuidados e disfarces. Quando nos apontam por nossas roupas, modos, vozes e expressões, quando somos as personagens principais de piadas caricaturais, ofensivas, que ridicularizam e estigmatizam.

Em todos os modelos de vida e janelas para o mundo, seja na TV, em filmes, revistas ou qualquer outro meio, se não somos estigmatizados ou esmagados pela heteronormatividade, sofremos, no mínimo, omissão. Desde muito cedo, de lembranças imemoriais, nos ensinam que somos um erro, um pecado, uma doença, uma abominação, uma aberração, uma perversão ou quaisquer outros dos tantos nomes com os quais se esmeram em nos rotular. Por tudo isso, é surpreendente que resistamos tanto a tantas intimidações, sem nos tornarmos pessoas absolutamente inseguras, vulneráveis e de baixíssima autoestima. É incrível superarmos tanta estigmatização e não aceitarmos viver segregados. É de uma força admirável que consigamos construir relações afetivas saudáveis, vidas profissionais de sucesso, carreiras sólidas, amizades duradouras e constituir família. É fantástico não enlouquecermos, não sucumbirmos à opressão que nos é imposta desde nossa mais tenra idade, sem data para término e por todos os dias de nossas vidas. É absolutamente admirável nosso enfrentamento diário e mais ainda por se dar entre risos, danças, amores, alegria e uma inabalável crença em um futuro melhor.

- Ivone Pita, em seu novo blog

Um Concílio de toda a cristandade?


Celebramos 50 anos da morte do Papa João XXIII (1881-1963), seguramente o Papa mais importante do século XX. A ela se deve a renovação da Igreja Católica que tentou definir o seu lugar dentro do mundo moderno. No dia 25 de janeiro de 1959, sem avisar a ninguém, declarou diante dos Cardeais estupefactos, reunidos na abadia beneditina de São Paulo junto aos muros, que iria convocar um Concílio Ecumêmico.

Por sua própria conta havia feito um juizo crítico sobre a situação do mundo e da Igreja. Percebera que estávamos diante de uma nova fase histórica: a fase do mundo moderno com sua ciência, técnica, com suas liberdades e direitos. A Igreja precisava situar-se positivamente dentro deste fato emergente. Até então a atitude era de desconfiança e de condenação. O Papa entendeu que este comportamento levava a Igreja ao isolamento e à estagnação para seu próprio dano.

Ele repetiu a velho dito: vox temporis vox Dei (“a voz do tempo é a voz de Deus”): “isso não significa”, disse ele, “que tudo no mundo, assim como se encontra, representa a voz de Deus; significa que tudocarrega uma mensagem de Deus, se boa para ser seguida, se ruim para ser mudada”.

Efetivamente, o Concílio Vaticano II se realizou em Roma (1962-1965); o Papa o abriu mas morreu antes de sua conclusão (1963). Seu espírito, entretanto, marcou todo o evento, com consequências até os dias de hoje.

Dois eram seus mottos principais: aggiornamento e Concílio pastoral. Aggiornamento é dizer sim para o novo, sim para a atualização da Igreja em sua linguagem, em sua estrutura e em sua forma de se apresentar no mundo. Concílio pastoral queria exprimir uma relação para com as pessoas e para com o mundo de abertura, de diálogo, de acolhida e de fraternidade. Portanto, nada de condenações do modernismo e da nouvelle théologie como se fizera furiosamente antes. Em vez de doutrinas, diálogo, mútuo aprendizado e trocas.

Talvez esta afirmação de João XXIII resuma todo o seu espírito: “A vida do cristão não é uma coleção de antigüi­dades. Não se trata de visitar um museu ou uma academia do passado. Isto, sem dúvida, pode ser útil — como o é a visita aos monumentos antigos — mas não é suficiente. Vive-se para progredir, embora tirando seu proveito das práticas, e mesmo das experiências do passado para ir sempre mais longe na trilha que Nosso Senhor nos mostra”.

De fato, o Concílio colocou a Igreja dentro do mundo moderno, participando de seus avatares e de suas conquistas. A Igreja da América Latina logo percebeu que não havia apenas o mundo moderno mas o sub-mundo sobre o qual pouco se disse no Concílio. Em Medellin (1969) e Puebla (1979) viu-se que a missão da Igreja no sub-mundo, feito de pobreza e de opressão, deve ser de promoção da justiça social e de libertação.

Passaram-se já 50 anos do Concílio. O mundo e o sub-mundo mudaram muito. Surgiram novos desafios: da globalização econômico-financeira e a consequente consciência planetária, a dissolução do império soviético, as novas formas de comunicação social (internet, redes sociais e outras) que unificaram o mundo, a erosão da biodiversidade, a percepção dos limites da Terra e da possibilidade de extermínio da espécie humana e com ela do projeto planetário humano.

Com as categorias do Concílio Vaticano II não daremos mais conta desta nova realidade ameaçadora. Tudo aponta para a necessidade de um novo Concílio Ecumênico. Agora não se trata apenas de convocar só os bispos da Igreja Católica. Face aos perigos que nos ameaçam, todo o Cristianismo, com suas igrejas, está sendo desafiado. Precisamos tomar a sério a aliança que o grande biólogo E. Wilson propos entre as Igrejas e as religiões e a tecnociência, caso quisermos salvar a vida no planeta (cf. "A Criação :como salvar a vida na Terra", 2008). Como estas forças religiosas podem contribuir para que tenhamosainda futuro?. A subsistência da vida na Terra é o pressuposto de tudo. Sem ela se anulam todos os projetos e tudo perde sentido. Os cristãos deverão esquecer suas diferenças e polêmicas e se unir para essa missão salvadora.

O Papa Francisco tem todas as condições para convocar o conjunto das expressões cristãs, de homens e de mulheres, assessorados por pessoas de notório saber, mesmo não religiosas, para identificar o tipo de colaboração que podemos oferecer na linha de uma nova consciência de respeito, de veneração, de cuidado de todos os ecossistemas, de compaixão, de solidariedade, de sobriedade compartida e de irrestrita responsabilidade pois todos somos interdependentes.

O Papa Francisco com seu modo de ser e de pensar despertou em todos nós a razão cordial, sensível e espiritual. Agregada à razão intelectual, protegeremos e cuidaremos, cuidaremos e amaremos essa única Casa Comum que o universo e Deus nos legaram. Só assim nos salvaremos.

- Leonardo Boff, teólogo-filósofo e autor de vários livros, dentre eles: "Proteger a Terra-cuidar da vida: como escapar do fim do mundo", Record 2011.

Fonte

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Gays e laicidade: o papa fala como o Evangelho



Via

Entre os fatos e os ditos admiráveis desse novo papa, duas declarações merecem ser retomadas, em busca do seu porte e do seu senso prospectivo. A primeira foi repetidamente comentado, embora em uma versão amputada de uma parte importante, e é a resposta dada a uma pergunta sobre a homossexualidade: "Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e tem boa vontade, mas quem sou eu para julgá-la?".

A segunda parece ter permanecido na sombra, mesmo que todo o discurso no qual ela está inserida encontra-se publicado no site oficial da Santa Sé [disponível aqui]. Trata-se da referência, dirigindo-se aos dirigentes do Brasil, à laicidade do Estado: "É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que permaneça fechada na pura lógica ou no mero equilíbrio de representação de interesses constituídos. Considero também fundamental neste diálogo a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença da dimensão religiosa na sociedade, favorecendo as suas expressões mais concretas".

Há um nexo entre o que o papa disse em ambas as ocasiões. A sua resposta sobre a homossexualidade não pode ser entendida ligando-a apenas ao tema ocasional. Ela também se refere à "busca do Senhor" e à "boa vontade", se não no seu conteúdo, ao menos nas suas modalidades.

E o papa não impõe, não julga, ao contrário, respeita. Como não ver uma novidade com relação às verdades declaradas e absolutas, muitas vezes sob a forma de anátema? Como não se interrogar sobre as consequências gerais?

Sem julgamento definitivo e imposto de cima, as convicções diversas e as opiniões se confrontam no diálogo, buscam composição, esperam a concedem. E o debate, ao menos no plano da convivência e salvos os pressupostos de cada um, enriquece e corrige uns e outros.

E aqui intervém o valor que o papa atribui à laicidade do Estado, que não deve tomar nenhuma posição confessional mostrando preferir uma ou outra religião ou confissão. Trata-se de afirmações em sintonia com os princípios europeus de democracia e respeito pelos direitos humanos individuais: o Estado deve ser organizador neutro da convivência pacífica das várias religiões e abster-se de manifestar preferências.

Essa neutralidade refere-se e respeita a liberdade de todos nas escolhas filosóficas e religiosas, a dos que creem, assim como a dos que não creem. As escolhas confessionais por parte dos Estados têm formas múltiplas e diversas: da manutenção de Igrejas de Estado, como a britânica ou de diversos países do norte da Europa, à ostensiva preferência por uma confissão religiosa em momentos simbólicos públicos, passando pela sujeição manifesta às indicações dessa confissão religiosa nas escolhas políticas.

Tudo isso é incompatível com a laicidade do Estado, torna difícil a presença da dimensão religiosa no espaço público e a valorização das suas expressões concretas. Donde, também na Itália, o confronto entre aqueles que a combatem, negando a sua própria legitimidade e reduzindo-a apenas à área privada, e aqueles que, do lado oposto, pretendem impor as próprias escolhas religiosas nas decisões políticas do Estado.

Fruto de encerramento preconceituoso por parte laica e de entrincheiramento reconfortante por parte católica tradicionalista, assistimos à imediata banalização das declarações do papa: nenhuma novidade, tudo como antes e como sempre! Apenas uma mudança de estilo comunicativo. Tanto uns quanto outros não prontos para avançar no mar aberto do debate, amedrontados pela nova possibilidade – necessidade – de diálogo.

É óbvio que o papa se expressa em uma linha de continuidade com relação aos seus antecessores, aos documentos da Igreja e à sua tradição. Não seria imaginável uma ruptura por parte de quem assumiu a responsabilidade de guiar uma instituição como a Igreja milenar, global, complexa, profundamente variada em seu interior.

Mas o papa remonta às origens fundamentais e fala como o Evangelho: a nova abertura é a consequência disso. Os sinais são fortes, e seria irresponsável não captá-los, impedindo o seu efeito benéfico na busca de soluções para as questões éticas de sociedades sensíveis: até mesmo aqueles que são chamados de "divisivos", para sugerir que não seriam enfrentáveis sem choque, triunfo de uns e derrota de outros.

Quando o papa apela aos Estados laicos para que deem lugar à dimensão religiosa na sociedade sem se intrometer e a "favorecer as expressões mais concretas", o pensamento corre aos extraordinários exemplos de generosidade e de eficácia, na ação concreta de defesa in loco dos direitos dos mais fracos , por parte de tantas organizações religiosas, na Itália particularmente católicas, juntamente com as laicas e aquelas em que a ação comum prescinde das filiações.

Nesse campo – nesse nível decisivo –, muitas contraposições e rigidezas dogmáticas se atenuam e interessam menos. Amplas partilhas de valores, ao menos nas suas reflexões sobre problemas concretos, atravessam as fronteiras identitárias.

- Vladimiro Zagrebelsky, magistrado italiano e juiz do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos de 2001 a 2010. O artigo foi publicado no jornal La Stampa, 07-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto, via IHU.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Frutos da Jornada

 
"Francisco iniciou a reforma da Igreja pelo papado, como quem está convencido de que, para mudar o mundo, é preciso primeiro mudar a si mesmo", analisa Frei Betto, neste balanço da JMJ 2013. Que essa "primavera" siga gerando bons frutos.     

Em pleno inverno, a presença do papa Francisco no Brasil, para participar da JMJ, foi uma calorosa primavera. Ele trouxe alegria, esbanjou sorrisos, beijou crianças, apertou as mãos do povo.

Os frutos dessa inesquecível visita podem ser resumidos em 15 pontos:

1. Francisco quer uma Igreja “pra fora”, desenclausurada, missionária, engajada na periferia e servidora dos pobres;

2. Na favela de Varginha, ele delineou seu perfil de Igreja: “advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas que clamam ao céu”;

3. Nossa atuação pastoral deve dedicar especial atenção às crianças, aos jovens e aos idosos. Os primeiros, por encarnarem o futuro; os segundos, por guardarem sabedoria;

4. Há que combater a corrupção e, ao mesmo tempo, alentar a esperança em “um mundo mais justo e solidário”;

5. A solidariedade – “quase um palavrão”, disse o papa – deve ser o eixo de nossa pastoral, disposta a “colocar mais água no feijão”;

6. Devemos combater a “cultura do descartável”, que ignora o valor das pessoas e estimula o consumismo e o hedonismo;

7. Precisamos saber “perder tempo” com os pobres, saber escutá-los;

8. A Igreja deve espelhar a simplicidade de Jesus, como Francisco de Assis e o papa Francisco, que dispensou a capa de arminho, os sapatos vermelhos, o anel e a cruz de ouro, os títulos de Sumo Pontífice e Sua Santidade, por preferir ser chamado apenas de papa, bispo de Roma, servo dos servos de Deus;

9. A segurança dos cristãos deve estar na confiança em Deus, e não no excessivo conforto que nos afastam dos pobres e do povo;

10. É preciso recuperar a confiança dos jovens nas instituições políticas, alentá-los na esperança; e “reabilitar a política, uma das formas mais altas de caridade”;

11. A política deve “evitar o elitismo e erradicar a pobreza”, condenando os opressores, como fez o profeta Amós ao denunciar que “vendem o justo por dinheiro e o pobre por um par de sandálias”;

12. Precisamos promover a “cultura do encontro”, favorecendo o diálogo sem preconceitos, combatendo os fundamentalismos e as segregações;

13. A sociedade futura, “mais justa, não é um sonho fantasioso”, mas algo que podemos alcançar.

14. Os jovens devem ser os “protagonistas da história”, construtores do futuro, de um mundo melhor.

15. As manifestações dos jovens nas ruas merecem o nosso apoio, pois eles “saíram nas ruas do mundo para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna.”

Francisco iniciou a reforma da Igreja pelo papado, como quem está convencido de que, para mudar o mundo, é preciso primeiro mudar a si mesmo. Agora, há algo de novo na barca de Pedro, cujas velas são tocadas pelo sopro do Espírito Santo.

- Frei Betto, via

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Papa e homossexualidade: por que nos admiramos?

 

Por que se admirar com uma aberta manifestação de simpatia e de respeito do papa, respondendo de improviso, no avião que o trazia de volta a Roma de retorno do Brasil, sobre o tema muito vivo dos gays? O papa não queria fazer uma reflexão complicada sobre o modo de ser da nossa sexualidade; mas, como grande pai espiritual, sabe como algumas pessoas, adolescentes, jovens, homens e mulheres, sentem amor sincero por pessoas do mesmo sexo e alimentam, ao mesmo tempo, um profundo amor por Deus.

Certamente, no conformismo moralista que perdura há séculos no mundo e na Igreja, a resposta do papa parece revolucionária: finalmente, com espírito evangélico, o papa olha para uma realidade que já nos é conhecida sem usar palavras de condenação .

E, como sempre, quem fingiu se escandalizar não foram aqueles que são "puros de coração" (Mt 5, 8), mas sim aqueles que, não tendo em si mesmos a pureza do coração e a caridade, gritam o escândalo pelo delineamento de uma "nova moral"; estes, como muitas vezes acontece, olham para fora de si mesmos, antes de avaliar a si mesmos e os seus comportamentos.

O que disse o papa? "Se uma pessoa é gay e busca o Senhor com boa vontade, quem sou eu para julgá-la?". Quero lembrar que, no Evangelho de João, o verbo "julgar" também significa "condenar". Por isso, o papa diz: "Quem sou eu para condenar?". Há séculos, a Igreja tem visto a sexualidade como fonte de problemas, apesar do fato de existirmos enquanto produtos de fatores naturais sexuais.

Quase como se o Evangelho não tivesse feito nada mais do que falar de sexo! O Evangelho, creio eu, é uma síntese de graça, de esperança, de bem-aventurança, porque, nas palavras de Jesus, há a suprema tentativa de nos falar de Deus que é Pai. Assim também era no primeiro Testamento da bíblia hebraica. O que foi, na história, essa tentativa de obrigar a Palavra a ser insuportável e inaceitável?

O tema do sexo que se refere aos gays deve ser considerado à luz do valor irrepetível de cada pessoa, da própria dignidade, sem julgar uma parte da pessoa humana. Cada um de nós é sexualidade, é pensamento, é vontade, é criatividade e é sobretudo pessoa única e irrepetível na história do mundo.

É o mistério da nossa existência que importa, e não uma parte do nosso ser que conta pelo todo. O papa, portanto, "não julga". Finalmente, cada um de nós está diante de Deus com a sua liberdade e com o valor da própria consciência. E isso mesmo quando fazemos parte da Igreja, a "nossa mãe".

- Enrico Ghezzi, pároco romano e especialista no Evangelho de João. Artigo publicado no jornal L'Unità, 07-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto, via IHU.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Oração à Nossa Senhora da Cabeça


Eis-me aqui prostrado aos vossos pés, ó mãe do Céu e Senhora Nossa!
Venho louvar-vos e agradecer-vos
todos os benefícios espirituais e temporais
que de Deus me tendes alcançado.
Que louvores vos posso dar, ó Mãe bondosa!
Ah! Tendes compaixão de mim!
Minha alma sofre o remorso
de tantas vezes Ter ofendido o Vosso divino filho
e sente não possuir as virtudes
que mais agradáveis são aos vossos olhos de Mãe.
Dai-me Senhora, as graças necessárias
para eu ser um bom cristão, fiel cumpridor das Leis da Igreja,
e constante imitador das vossas incomparáveis virtudes.
Iluminai a minha fraca inteligência,
para que compreenda cada vez mais que,
a única felicidade na Terra é servir a Deus,
e trilhar com os santos o caminho do Céu. Fortificai minha vontade
para que eu não me deixe jamais
levar por minhas paixões e pelas tentações do mundo.
Tocai o meu coração a fim de que deteste sempre o pecado,
e ame a vida austera e cristã que exigis de vossos devotos.
Tende piedade das minhas misérias espirituais!
E, ó Mãe terníssima, não vos esqueçais também
daquelas que afligem o meu corpo
e enchem de amargura a minha vida terrena.
Dai-me saúde e força para que possa cumprir todas as minhas obrigações
e vencer todas as dificuldades que me opõem o mundo.
Não permitais que a minha pobre cabeça
seja atormentada por males
que me perturbem a tranqüilidade da vida.
Pelos merecimentos de vosso divino Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo,
e pelo amor que a Ele consagrais,
alcançai-me a graça que agora vos peço (faça seu pedido)
Aí tendes, ó mãe poderosa, a minha súplica humilde.
Se quiserdes, ela será atendida.
Ah! Não deixeis de atender-me, ó Rainha do Céu e da Terra!
Por toda parte cantarei louvores a vossa bondade e ao vosso poder,
ó Senhora da Cabeça, até que chegue o dia em que,
levado por vós, eu entre no gozo eterno do céu.
Assim seja.

Imagem: Festa de Nossa Senhora da Cabeça - 12 de agosto - celebrada na igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé
(foto Hugo Nogueira)

Sem exceções


Reproduzimos aqui, com orgulho e alegria, esta bela reflexão dos nossos amigos do Movimento Episcopaz. Como costumamos dizer em nossas reuniões, "sejamos, uns para os outros, a Igreja que queremos ver no mundo"! :-)

No dia que passarmos a usar o expediente fundamentalista, que fala de amor através de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, etc), então, deixaremos de lado o Evangelho e teremos preferido abraçar as leis (de toda ordem) e as convenções humanas (cultura, moral, costume, tradição, etc) como base de nossa fé. A palavra “base” aqui é proposital, tem a ver com o sentido e a essência do que nos põe de pé.

Algumas pessoas, ao falar sobre o amor de Deus, asseguram que Ele é também “justiça e fogo consumidor”. Esquecem (na melhor das hipóteses; algumas vezes é por espírito faccioso ou por maldade mesmo) que a “justiça” de Deus não tem como parâmetro a nossa justiça nem aquilo que nós, homens, entendemos ou consideramos “justo”. Nossa justiça, definitivamente, não é a de Deus.

A nossa justiça considera a “parábola dos trabalhadores na vinha” (ou a parábola dos trabalhadores da última hora) uma provocação, um acinte, um caso extravagante de injustiça da parte de Deus. Afinal, ele “nivela” todos, quer tenham trabalho, tenham sido bonzinhos, tenham se esforçado, enfim, com os demais que chegaram no final do dia. A recompensa foi a mesma!

Dito de outra forma, a nossa justiça consideraria tal parábola um caso de “B.O.” na delegacia celestial, impondo a Jesus uma pena duríssima por ter ousado ser tão “imoral”, “leviano” e “injusto”!

Aliás, os “da religião”, impuseram uma dura pena a Jesus: levaram-no à morte e, pasmem, acreditavam estar dando glórias a Deus!

É diferente em nossos dias? Podemos provar que não. Já fomos alvos de muitos ataques dos “da religião”, incapazes de compreender o absurdo da Graça de Deus. Muitos poderão testemunhar com suas próprias experiências.

Eis por que parabenizamos as paróquias acima por terem ousado incluir em seus respectivos ministérios não apenas pastorais mas um “ethos” que inclui, sem exceções.

Parabenizamos muitas outras que tomaram a mesma medida durante o mês de junho, reconhecido pelas lutas em prol da dignidade dos cidadãos LGBTs, como a Catedral Nacional de Washington, a Saint Elizabeth Episcopal Church (Glencoe, Illinois), a Church of the Ascension (diocese episcopal anglicana de Nova York), a sede da Diocese Episcopal da Califórnia (em São Francisco), entre outras.

A própsito, se tivéssemos imagens de paróquias anglicanas pelo Brasil com cenas semelhantemente ousadas, pelo bem do Evangelho e em prol da dignidade de todas as pessoas, teríamos colocado. Que fique como inspiração para o próximo ano no mês de junho!

Em anexo a legenda e o link de uma bela pastoral escrita pelo Rev. Peter Faass, reitor na Christ Church (Shaker Heights, Ohio).


R. P.
EPISCOPAZ
Anglicanos pró-diversidade & pela paz
Fonte


NOTAS:
(1) LEGENDA:
1 – Christ Church, de Shaker Heights, paróquia episcopal anglicana em Ohio (EUA).
2- Saint Christopher Anglican Church, paróquia da Diocese Anglicana de Niagara (Canadá).
3 – Cartaz da Diocese Anglicana de New Westminster (Canadá) convidando todos os anglicanos a participarem da parada pela diversidade.
4 – Saint Paul Episcopal Church, paróquia espicopal anglicana em Oakland (EUA).

(2) Pastoral escrita pelo Rev. Peter Faass:
http://www.cometochristchurch.org/Sermons-Musings/Musings/Musings-Rainbow-Flag-6-4-10.php

domingo, 11 de agosto de 2013

Oração da liturgia das horas



Oração da liturgia das horas, vésperas deste domingo.

"Socorrei os oprimidos,libertai os prisioneiros, consolai os aflitos, dai pão aos famintos, 
fortalecei os fracos, para que em todos eles se manifeste a vitória da cruz.
R. Renovai, Senhor, as maravilhas do vosso amor! 
Vós, que ressuscitastes gloriosamente vosso Filho depois de morto e sepultado, concedei aos que morreram entrar juntamente com ele na vida eterna."
R. A Luz eterna brilhe para ele. 

Zeca de Mello, confissões de um ex-padre que se reinventa seis anos após deixar a batina


"Me chamou a atenção que quase não se veem mulheres no Vaticano, e nunca em funções de decisão. As dificuldades que a Igreja tem com a sociedade contemporânea estão sempre no campo moral, sexual e familiar. Há dois mil anos a moral sexual e familiar tem sido elaborada por homens celibatários. É interessante, porque o pensamento moral social da igreja é muito avançado", reflete Zeca de Mello, que foi uma espécie de celebridade da Igreja no Rio de Janeiro dos anos 2000, conhecido como "Padre Zeca". Seis anos depois, saiu hoje no jornal O Globo sua primeira entrevista desde que deixou a batina. Pela pertinência de suas reflexões, achamos mais que necessário compartilhar aqui.

José Luiz Jansen de Mello Neto está em pé na porta do Antique Garage. O bar, decorado com espelhos, lustres e quadros de tempos imemoriais no coração do SoHo, foi o lugar que o próprio escolheu para dar a primeira entrevista desde que deixou de ser o padre Zeca, lá se vão mais de seis anos. Calça jeans, camisa polo azul-clara, aliança de ouro na mão esquerda, ele vai comandar o primeiro evento da The School of Life — uma espécie de Casa do Saber O GLOBO de conteúdo humanista fundada em Londres pelo filósofo Alain de Botton — no Rio, no próximo domingo (leia mais na página 30). Diante de uma carreira ascendente de professor, consultor e palestrante, sabe que a exposição será inevitável. Então sai falando sem freios, antes mesmo de escolher uma mesa e pedir um chá gelado.

Ele conta que está casado com uma americana de Nova York e por isso passa duas ou três temporadas por ano nos Estados Unidos, que o sogro tem uma loja de guitarras logo ali na Broome Street, que está louco para ser pai, que acaba de se mudar para um apartamento no Jardim Botânico. Small talk. O chá gelado chega. Ele dá um gole.

— Reparou que esses bancos são de igreja? — pergunta, apontando para o assento da repórter.

Aos 42 anos, Zeca — um carioca do Leblon que foi um dos mais jovens padres ordenados no Brasil — fala com carinho dos 18 anos que dedicou à Igreja Católica. Quando pediu afastamento, no fim de 2006, estava no auge da carreira: recém-chegado de um doutorado na Itália, coordenava o departamento de Cultura Religiosa da PUC e era uma estrela da Paróquia da Ressurreição, no Arpoador.

— Nunca tive crise de fé. Meu problema foi com a instituição — diz, enquanto levanta a sobrancelha esquerda, como voltará a fazer sempre que quiser sublinhar algum pensamento.

O “problema” de Zeca começou na segunda metade dos três anos e meio que passou estudando na Universidade Gregoriana de Roma, a partir de 2001. Ele era bolsista, morava numa casa de padres e preparava uma tese sobre Santo Agostinho.

— Me chamou a atenção que quase não se veem mulheres no Vaticano, e nunca em funções de decisão. As dificuldades que a Igreja tem com a sociedade contemporânea estão sempre no campo moral, sexual e familiar. Há dois mil anos a moral sexual e familiar tem sido elaborada por homens celibatários — critica, para em seguida divagar: — É interessante, porque o pensamento moral social da igreja é muito avançado.

As consequências, ele lembra, foram demolidoras:

— No final do segundo ano na Itália eu entrei em crise. Já tinha casado todos os meus irmãos, batizado todos os meus sobrinhos, meus amigos estavam tendo filhos, eu estava com 30 e poucos anos. Comecei a antever que seria muito difícil ter um futuro saudável e equilibrado sem uma família.

Foi mais ou menos quando Zeca conheceu Stephanie Pensa, bacharel em Literatura Italiana que trabalhava num programa da Universidade de Dartmouth em Roma.

— A gente se apaixonou — confessa. — Mas nunca deixaria o ministério por uma mulher. Quando a gente se conheceu eu já estava em crise. Sempre pensei que, se deixasse o ministério, essa responsabilidade deveria ser só minha. Então a vida nos separou, e só fui reencontrá-la anos depois: ela tinha terminado um relacionamento; eu não era mais padre e tinha acabado um namoro também (ele diz que teve “algumas namoradas, uma mais séria”, depois de largar a batina). Mas quando cheguei de Roma já estava decidido. Eu não tinha vivido muitas coisas de que gostaria. O mais honesto era pedir afastamento. Eu não quero ter uma vida dupla.

Stephanie, que depois fez mestrado em Educação de Paz na Columbia University e hoje dá aulas de inglês no Rio, surgirá no meio da sessão de fotos que sucedeu esta entrevista. Muito bonita, extremamente simpática, a morena de 31 anos — cabelo preso num coque displicente, jeans de bainha dobrada, camiseta sem manga e brincão de argola na orelha — lembra que ligou para Zeca quando voltou a Roma, a cidade que os unira, de férias com amigas. Ele foi encontrá-la em Nova York. Ela viajou para vê-lo no Rio. E outra. E outra. Os dois se casaram no dia 20 de agosto de 2011, com uma cerimônia celebrada pelo padre José Roberto Devellard, da Paróquia da Ressurreição, num clube frequentado pela família dela nos arredores de Manhattan.

— O Zeca sempre foi um padre muito querido. Agora mesmo, éramos três padres dizendo que sentimos a falta dele na Jornada Mundial da Juventude. Porque ele tinha e tem uma liderança natural, espontânea. Foi uma pessoa que somou tanto que eu, que não sou de viajar, fiz questão de celebrar o casamento dele. Se ele somava tanto na Igreja, agora esperamos que ele some na família — diz, por telefone, o padre José Roberto.

Parece cena de final feliz, mas, para Zeca, a vida está só começando. E não foi fácil chegar até aqui.

— Deixar o ministério é como se separar e perder o emprego no mesmo dia — ele compara. — Quando entrei para o seminário, era só certezas. No final, a única certeza era a de que o mais correto seria sair. Vem um sentimento de fracasso por não ter conseguido levar adiante um sonho, uma vocação. Eu sei que tenho uma vocação. Sempre fui feliz e fiz as pessoas felizes como padre. Mas uma hora chega uma questão existencial e ela é forte demais. Tive que repensar de que forma poderia ser útil à sociedade e me manter também. Você como padre não tem preocupação com plano de saúde, aluguel, nada disso. Tive que me reinventar.

Zeca precisou se afastar do cargo na PUC (“Não tem histórico de ex-padre dando aula de Teologia, talvez agora com esse Papa isso fique mais tranquilo, I hope so”, diz ele, numa das muitas vezes em que evoca o Papa Francisco). Chegou a pensar em sair do Brasil, mas acabou alugando um quarto e sala em Ipanema.

— Tenho muitos colegas que deixaram o ministério magoados com a Igreja. Eu não: sempre fui muito grato à formação que recebi, aos valores, às oportunidades que eu tive. Não queria sair dando entrevista e falando, não tinha por quê. Estava desempregado. Precisava iniciar o processo de reencontrar o meu lugar — conta.

A transformação do padre Zeca em Zeca de Mello começou na Coppead, a escola de negócios da UFRJ, com uma pós-graduação em Administração de Empresas. Ele leu muito: Paulo Freire, Edgar Morin, Leonard Boff, a filósofa italiana Michele Marzano. Já formado, foi surpreendido pelo convite de um executivo que frequentava suas missas para prestar consultoria na área de responsabilidade social de uma empresa de energia renovável com sede em Curitiba. Hoje, Zeca dá aulas no Crie (Centro de Referência em Inteligência Empresarial), da Coppe, é professor convidado da Fundação Dom Cabral e da Fundação Getúlio Vargas, roda o Brasil fazendo consultorias e palestras. Sempre na área de humanismo e gestão:

— Chamo minhas palestras de provocações fraternas. Trabalho nessa lacuna que existe entre o modelo educacional no qual nós fomos formados e o mundo de hoje. Viemos da escola das respostas certas, tínhamos que dizer a resposta que já estava prevista. E fazer tudo sozinhos. Nós inclusive definimos sucesso como não depender do outro. Hoje, o maior desafio nas organizações é colaborar para inovar.

Os Sermões Seculares que a The School of Life costuma promover com sucesso em Londres aos domingos são a mais perfeita tradução do trabalho que Zeca vem desenvolvendo. Eles consistem de uma celebração em torno de um tema específico, sempre sob o comando de um palestrante convidado, com direito a cantos, folhetos como os das missas e comida no final. A escola estreia no Rio justamente com um sermão. Uma oportunidade, nas palavras de Zeca, “para as pessoas se encontrarem e refletirem sobre questões relativas à vida”.

— A escolha do Zeca foi além do currículo, por ele ter sempre gostado das ideias do Alain e conseguir passar para as pessoas de maneira direta, clara e concisa o que tem a dizer. O Zeca tem uma experiência de vida eclética, ao lado de qualificações formais muito sólidas — diz a diretora-executiva da The School of Life, Jackie de Botton.

Zeca nem pensou duas vezes antes de eleger a gratidão como tema do sermão.

— Como padre, uma das experiências mais ricas que tive foi lidar com a dor da morte, em missas, hospitais, consolando famílias. Comecei a perceber a força da gratidão. A vida é um presente, a vida é um dom que não se conquista, é recebido gratuitamente. E diante de algo que é gratuito só há uma resposta à altura, que é a gratidão — justifica. — Quando perdi meu pai, há quase três anos, eu já não era mais padre e não celebrei a missa, mas no final dei uma palavra e falei justamente sobre isso. Eu morro de saudade do meu pai, e sempre agradeço pela vida dele. De alguma forma ele está vivo, toda vez que a gente lembra dele, quando eu falo dele. Percebi que o exercício da gratidão como postura diante da vida tem o poder de transformar as coisas mais duras.

Zeca agradece o fato de o pai, que trabalhava com construção civil e sempre quis que ele fosse advogado, ter tido a oportunidade de ver a sua retomada profissional. Os quatro filhos de José Luiz Jansen de Mello Filho foram criados indo à igreja todo domingo, mas, curiosamente, ele foi o único que se afastou da prática religiosa por um tempo, na adolescência.

— Achava missa uma coisa chata, uma celebração muito distante — diz ele, lembrando que tudo mudou quando foi fazer curso de crisma. — Ali tive uma experiência espiritual muito forte, justamente na época de escolher que caminho tomar, e pensei: quero ser um bom cristão. Isso fez sentido para mim.

Com 18 anos, ele saiu de casa com uma malinha e se internou no seminário.

— Minha família ficou muito preocupada. Minha mãe sempre dizia: “Meu filho, faz uma faculdade primeiro.” Meu pai foi duro comigo no início, foi difícil para ele, como temos o mesmo nome, pensar que eu não ia continuar a família — diz Zeca, que se graduou em Filosofia e Teologia e depois fez mestrado em Teologia Bíblica na PUC.

Zeca ainda não voltou a frequentar a igreja com assiduidade, mas pretende criar os filhos na tradição cristã.

— Nunca me senti excluído, mas é natural um afastamento num primeiro momento. Estou no processo de retomada do meu lugar na Igreja também. O Dom Orani (João Tempesta), quando virou Arcebispo do Rio, me chamou e tive uma acolhida ótima. Muito na linha do Papa, uma linha muito humana.

O assunto descamba, claro, para o Papa Francisco. Criador do movimento Deus é 10, que atraía milhares de fiéis à Praia de Ipanema, Zeca estava em Nova York durante a JMJ.

— Tenho muita esperança nesse Papa. Um Papa aberto, que trata a religião de uma forma muito próxima. Uma liderança simples, falando à vontade sobre qualquer questão. Quando falou sobre a inclusão das mulheres nas decisões... Agora a questão do celibato vai ser pelo menos discutida. Antes, não se podia nem tocar no assunto — elogia ele, que também aplaude Bento XVI: — Achei importante a atitude de renúncia, de entregar um cargo vitalício para alguém que pudesse fazer as reformas de que a Igreja precisa.

Enquanto isso, ele vai à praia, sai para dançar na Lapa, cuida com o irmão da fazenda de produção de leite que o pai deixou perto de Friburgo. Recebeu uma proposta de escrever um livro sobre a atualidade do pensamento de Santo Agostinho, “um dos maiores gênios do Ocidente”, baseado na tese que defendeu em Roma.

O legado da Igreja na sua vida?

— Acreditar que as pessoas podem mudar.

Fonte

Viver em minoria


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 12,32-48 que corresponde ao 19 Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Lucas copilou no seu evangelho palavras cheias de afeto e carinho dirigidas por Jesus a seus seguidores e seguidoras. Muitas vezes elas não são percebidas. Porém lidas atentamente desde nossas paroquias e comunidades cristãs aparecem hoje com uma surpreendente atualidade. É o que se necessita para escutar Jesus nestes tempos que não são fácies para viver a fé.

“Meu pequeno rebanho”. Jesus olha com grande ternura para seu pequeno grupo de seguidores. Eles são poucos. É uma vocação de minoria. Não podem pensar em grandezas. Jesus imagina-os sempre assim: como um pouco de fermento escondido na massa, uma pequena “luz” no meio da obscuridade, um pouco de sal para dar sabor na vida.

Depois de séculos de “imperialismos cristãos”, os discípulos de Jesus aprenderam a viver em minoria. É um erro ter saudades de uma igreja forte e poderosa. É um engano procurar o poder do mundo ou tentar dominar a sociedade. O Evangelho não se impõe pela força. É contagiado por aqueles que vivem ao estilo de Jesus fazendo a vida mais humana.

“Não tenham medo”. Essa é uma grande preocupação de Jesus. Não quer que seus seguidores fiquem paralisados pelo medo ou afogados pelo desalento. Eles não devem nunca perder a confiança e a paz. Hoje, eles também são um pequeno rebanho, mas permanecendo unidos a Jesus, seu Pastor que os guia e os defende, podem viver com paz o tempo atual.

“O Pai de vocês tem prazer em dar-lhes o Reino”. Jesus lembra-lhes isso ainda uma vez mais. Eles não devem sentir-se órfãos. Tem a Deus como Pai. Ele confiou-lhes o seu projeto do Reino. Trata-se de um grande presente. O melhor que temos em nossas comunidades é a tarefa de que a vida seja mais humana e a esperança de conduzir a historia à sua salvação definitiva.

“Vendam os seus bens e deem o dinheiro em esmola”. Os seguidores de Jesus são um pequeno rebanho, mas nunca devem ser uma seita fechada em seus próprios interesses. Não podem viver de costas às necessidades de ninguém. Devem ser comunidades de portas abertas. Compartilham seus bens com todos os que precisam de ajuda e solidariedade.

“Deem esmola, isto é, “misericórdia”. Este é o significado original do termo grego. Os cristãos precisam mais tempo para aprender a viver em minoria no meio de uma sociedade secular e plural. Mas há algo que podem e devem fazer sem esperar nada em troca: transformar o clima que se vive nas comunidades, tornando-o mais evangélico. O papa Francisco nos está assinalando esse caminho com seus gestos e seu estilo de vida.

Fonte
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