sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Mataram Irmã Dorothy

Mataram Irmã Dorothy (They Killed Sister Dorothy, 2008) [completo]

Em fevereiro de 2005, a irmã Dorothy Stang, de 73 anos, foi brutalmente assassinada. Ativista na defesa do meio ambiente e das comunidades carentes exploradas por madeireiros e donos de terra na Amazônia, a freira americana foi executada com seis tiros no interior do Pará. O documentário revela os bastidores do julgamento dos assassinos de Dorothy e investiga as razões de sua morte e seus verdadeiros mandantes. Por trás do drama criminal, vem à tona o legado de seu trabalho humanitário na floresta brasileira. Prêmio do Público e Grande Prêmio do Júri no Festival South by Southwest 2008.


Depois de São Paulo, Alagoas e Bahia, outros quatro Estados devem aprovar casamento gay



Se é verdade que os deputados em Brasília rejeitam qualquer lei que garanta direitos iguais à população LGBT brasileira e o Governo Federal pouco se esforça neste sentido, é também verdade que a Justiça brasileira assumiu o papel de garantir tais direitos. O resultado é que o Brasil está caminhando favoravelmente pela permissão do casamento civil entre homossexuais e os contrários têm muito pouco à fazer neste sentido.
Desde que o Supremo decidiu pela validade das uniões estáveis homoafetivas em maio de 2011, diversos casais gays e lésbicos passaram a procurar a Justiça para que essas uniões ganhassem o status de casamento civil. Outros tantos casais buscaram nos tribunais o direito de se casarem diretamente, sem ter lavrado o documento de união estável. A ampla maioria das decisões judiciais foi favorável a esses casais e os Tribunais de Justiça de três Estados brasileiros resolveram unificá-las. O primeiro Estado a ter o casamento civil regulamentado foi Alagoas, em janeiro de 2012. Depois o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo foi permitido na Bahia, em 11 de outubro de 2012. Já o Tribunal de Justiça de São Paulo publicou decisão parecida em 18 de dezembro que começa a valer em 18 de fevereiro. A Justiça do Piauí também prometeu que vai autorizar os casamentos homoafetivos.
Os Tribunais dos Estados do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul devem se decidir pelo mesmo assunto nos próximos meses, segundo a Comissão Nacional de Diversidade Sexual da OAB, que acompanha essas decisões através de suas comissões estaduais. Acompanhe abaixo.
Alagoas
Foi o primeiro Estado a permitir o casamento gay. Em maio de 2011, o Supremo reconheceu como legais as uniões estáveis entre homossexuais, mas deixou em aberto a conversão delas em casamento civil (que é previsto para casais heterossexuais). Isso levou casais gays que se uniram formalmente a recorrerem a Justiça para conseguirem o "upgrade" para o casamento civil. Com a decisão do Tribunal de Alagoas, casais gays não precisam mais buscar um juiz para se casarem. Ela permite que esses casais manifestem seu desejo de se casar no cartório. A medida da Justiça alagoana tira a dúvida do cartório ao dizer que ele pode (e deve) habilitar o casal gay para o casamento civil da mesma forma que o faz para o heterossexual. A ex-desembargadora Maria Berenice Dias, que hoje coordena a Comissão Nacional de Diversidade Sexual da OAB, enviou o texto normativo do Tribunal de Alagoas a todas as comissões estaduais para que a medida se estenda para todo o Brasil.
Bahia
A permissão do casamento gay passou a valer no dia 26 de novembro de 2012 e tem caráter Estadual. Tanto os cartórios de Salvador como os das cidades do interior poderão casar gays que os procurem para tal. A permissão foi assinada pela desembargadora Ivete Caldas, corregedora- geral da Justiça, e pelo desembargador Antônio Pessoa Cardoso, corregedor das comarcas do interior do Estado. Segundo a desembargadora, a medida apenas institui um direito que diversos juízes baianos já vinham aplicando.
São Paulo
A norma do Tribunal de Justiça foi publicada em 18 de dezembro e é bastante clara. Ela diz que "Aplicar-se-á ao casamento ou a conversão de união estável em casamento de pessoas do mesmo sexo as normas". Isso significa que quem já possui a união estável e quer converter o documento para casamento civil, pode. E quem não tem o registro de união estável, mas quer lavrar o documento de casamento civil direto, também está autorizado. A decisão do Tribunal de Justiça passa a valer para todos os cartórios a partir do dia 18 de fevereiro. E os cartórios são obrigados a cumpri-la.
Piauí
O Corregedor Geral de Justiça, desembargador Francisco Antonio Paes Landim Filho, firmou compromisso para publicar um Provimento que regulamente os procedimentos a serem observados pelos casais homoafetivos interessados na conversão de suas uniões estáveis em casamento, bem como nos casos de habilitação direta para o casamento. Em tom bem humorado, o Corregedor ainda disse que "esse é um presente de Natal para os homossexuais do Piauí", acrescentando que deseja ver todos os casais homoafetivos "casados e muito felizes”. A medida ainda não foi publicada oficialmente.
Os Tribunais de Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul analisam processos parecidos e podem aprovar o casamento gay nos primeiros meses de 2012.

Fonte: Coordenadoria da Diversidade Sexual - Prefeitura do Rio de Janeiro

Foto: Hugo Nogueira

Iniciar a reação


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 3,15-16.21-22, que corresponde a Festa do Batismo de Jesus, ciclo C do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Batista não permite que as pessoas o confundam com o Messias. Conhece os seus limites e reconhece-os. Há alguém mais forte e decisivo que ele. O único que o povo deve acolher. A razão é clara. Ele lhes oferece um batismo de água. Apenas Jesus, o Messias, os “batizará com o Espírito Santo e com fogo”.

Na opinião de não poucos observadores, o maior problema da Igreja é hoje “a mediocridade espiritual”. A Igreja não possui o vigor espiritual de que necessita para enfrentar os desafios do momento atual. Cada vez isso fica mais patente. Precisamos ser batizados por Jesus com o Seu fogo e o Seu Espírito.

Nestes últimos anos têm crescidos a desconfiança na força do Espírito e o medo a tudo o que possa nos levar a uma renovação. Insiste-se muito na continuidade para conservar o passado, mas não nos
preocupamos em executar as chamadas do Espírito para preparar o futuro. Pouco a pouco estamos ficando cegos para ler os “sinais dos tempos”.

Dá-se primazia a certezas e crenças para robustecer a fé e conseguir uma maior coesão eclesial frente à sociedade moderna, mas com frequência não se cultiva a adesão viva a Jesus. Teremos esquecido que Ele é mais forte que todos nós? A doutrina religiosa, exposta quase sempre com categorias pré-modernas, não toca os corações nem converte as nossas vidas.

Abandonado ao alento renovador do Concílio, foi-se apagando a alegria em setores importantes do povo cristão, para dar passagem à resignação. De forma silenciosa porém palpável vão crescendo o desafeto e a separação entre a instituição eclesial e não poucos crentes.

É urgente criar o quanto antes melhor um clima mais amável e cordial. Qualquer um não poderá despertar no povo simples a ilusão perdida. Precisamos voltar às raízes da nossa fé. Colocar-nos em contato com o Evangelho. Alimentar-nos das palavras de Jesus que são “espírito e vida”.

Daqui a alguns anos, as nossas comunidades cristãs serão muito pequenas. Em muitas paróquias não haverá já presbíteros de forma permanente. O importante é cuidar desde já de um núcleo de crentes em torno do Evangelho. Eles manterão vivo o Espírito de Jesus entre nós. Tudo será mais humilde, mas também mais evangélico.

A nós pede-se que iniciemos já a reação. O melhor que podemos deixar de herança às futuras gerações é um amor novo a Jesus e uma fé mais centrada na Sua pessoa e no Seu projeto. O resto é mais secundário. Se vivem a partir do Espírito de Jesus, encontrarão caminhos novos.

Fonte: UNISINOS

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Católicos pelo casamento gay


Mais e mais países legalizam o casamento gay. Mais e mais Estados e regiões do Brasil também o fazem, através de decisões judiciais. Isto acontece porque muitas pessoas hoje acreditam que este casamento é legítimo e deve ser reconhecido pelo Estado. Entre elas, o presidente norte-americano reeleito Barack Obama. Todos os cidadãos são iguais em dignidade e direitos, e por isso as uniões entre homossexuais devem ter o mesmo reconhecimento das uniões entre heterossexuais, com os mesmos direitos e deveres. Não há concorrência entre estas formas de união, visto que se destinam a pessoas diferentes, e nem ameaça à família ou à sociedade.

Muitos cristãos também acreditam nisso. Sabem que Deus é amor e compreensão, e que Ele quer a felicidade dos seus filhos. Surge então uma questão aos fieis católicos: como lidar com a oposição da alta hierarquia da Igreja ao reconhecimento do casamento gay, considerado por ela uma ameaça à família tradicional e nociva a um reto progresso da sociedade?

O Concílio Vaticano II, iniciado há mais de 50 anos, afirma que as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e dos que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração (GS 1). É hora de olhar para a realidade humana de tantas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Há uma história milenar de homofobia, com diversas formas de brutalidade física, hostilidade verbal e exclusão. Não se pode ignorar o anseio da população LGBT por segurança, liberdade e igualdade. Opor-se ao casamento gay é acrescentar mais uma discriminação nesta longa história de exclusões e hostilidades.

O teólogo Karl Rahner refletiu sobre o conceito de ‘cristão adulto’, que pode contribuir bastante nesta questão. No início do século 20, o magistério da Igreja rechaçava a teoria da evolução. Ensinava que os primeiros capítulos da Bíblia, contendo a narração da criação do homem, deveriam ser entendidos de maneira literal. Se nessa época um paleontólogo estivesse plenamente convencido do vínculo entre o ser humano e o mundo animal, como ele deveria proceder? Neste caso, tal cientista não deveria rejeitar toda a fé da Igreja e nem toda a sua doutrina, mas discernir entre o que é fundamental e o que não é. Ele deve saber quais são as convicções de sua fé realmente centrais e existencialmente significativas, para nelas se aprofundar sempre mais; e progressivamente desconsiderar o que se mostra irremediavelmente inaceitável.

Não se deve nunca colocar as coisas em termos de tudo ou nada. O próprio Concílio Vaticano II diz que há uma ‘hierarquia de verdades’, isto é, uma ordem de importância dos ensinamentos da Igreja segundo o seu nexo com o fundamento da fé cristã (UR 11). Há ensinamentos de mais relevância, com um nexo maior; e outros de menos relevância, com um nexo menor. Isto contribui para o discernimento. O cristão adulto, diz Rahner, é um fiel que vive conflitos semelhantes ao daquele paleontólogo. Ele precisa tomar decisões em assuntos importantes, colocando-se diante de Deus e de sua consciência, e enfrentar as consequências, sem ter necessariamente o desejado respaldo da Igreja.

Os cristãos solidários à população LGBT e aos seus direitos devem ser encorajados a viver esta fé inclusiva, tão necessária ao nosso tempo, mesmo que eles não tenham o devido respaldo de suas igrejas. Isto é ser cristão adulto. Eles não estão sós, pois amam e conhecem a Deus que é amor.


Equipe Diversidade Católica

domingo, 6 de janeiro de 2013

O lado de um cura o lado do outro


O lado de Jesus e o lado de Adão

Este é o meu Filho amado. Tem fome e alimenta multidões inumeráveis; afadiga-se a alivia os fatigados; não tem onde reclinar a cabeça e tudo sustenta com suas mãos; sofre e dá remédio a todos os sofrimentos; é esbofeteado e dá liberdade ao mundo; traspassaram o seu lado e ele cura o de Adão. Prestai-me toda atenção: quero acorrer ao manancial da vida e contemplar a fonte de onde jorram os remédios da salvação (Do Sermão sobre a Santa Teofania, atribuído a Santo Hipólito de Roma, presbítero).
1. O tempo alegre do Natal se fecha e culmina com a festa do Batismo do Senhor. O servo santo e imaculado entra nas águas do Jordão. Associa-se ao cortejo dos pecadores. Caminha com passos decididos em direção de João. Lucas assim descreve o momento do batismo do Senhor: “Enquanto ele rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível como pomba. E o céu veio uma voz: Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem querer” (Lc 3, 22). Temos diante de nossos olhos a figura adorável do amado Filho do Pai. Toda a vida do discípulo não consistirá em outra coisa senão de ouvir a voz do Filho amado e a ela ser fiel. Em seu Batismo, Jesus se associa ao cortejo dos pecadores. Se faz pecador conosco.
2. Jesus é, com efeito, um paradoxo. É tudo e é nada. É grande e pequeno. É grande na pequenez. Tem fome, mas monta a mesa de seu corpo para alimentar os famintos. Tão cansado e tão exausto ele chama a si os desanimados e fracos e os recompõe e restaura. Sofre toda sorte de desconforto e dá remédio aos sofrimentos. Em sua fragilidade se torna força. A força de Deus está na fraqueza do Filho amado. Seu peito rasgado pela lança cura o lado do homem.
3. O Jesus que entra nas águas do Jordão, que se associa ao cortejo dos pecadores, santifica as águas… Todos os que mais tarde seriam batizados haveriam de mergulhar nas águas marcadas pela presença do Filho amado. Santo Efrem coloca belíssimas palavras nos lábios de Cristo que se dirige a João, o Batista: “Eu quero, João, aproxima-te e confere-me o batismo para que se realize a minha vontade. Não podes resistir à minha vontade; serei batizado por ti porque assim quero. Tu tremes e, contra a minha vontade, não percebes que te pedi um batismo muito importante para mim. Cumpre a obra para a qual foste chamado. Pelo meu batismo é que as águas serão santificadas, recebendo de mim o fogo e o Espírito. Se eu não receber o batismo, elas não terão o poder de gerar filhos imortais. É absolutamente indispensável que me batizes, sem discussão como te ordenei. Eu te batizei no seio materno; batiza-me no Jordão”.
4. Aquele que recebe o batismo de João no Jordão teria uma outra água a oferecer: a água de seu lado aberto. O lado ferido pelo soldado cura Adão e a mulher que saiu de seu lado aberto. O Coração de Jesus, seu peito aberto, é manancial de toda salvação. Água do peito de Jesus que lava peito de Adão. Batismo, santo batismo da regeneração. Voltemos ao texto de Hipólito: “Vinde, nações todas, ao batismo que confere a imortalidade. Esta é a água unida ao Espírito, que irriga o paraíso, fertiliza a terra, dá crescimento às plantas e faz os seres se reproduzirem. Em resumo, esta é a água pela qual os homens recebem nova vida, com a qual o Cristo foi batizado e sobre a qual o Espírito Santo desceu em forma de pomba”. O lado de Jesus inventou uma fonte borbulhante de puro amor que lava o lado de Adão.

Frei Almir Guimarães

Batismo de Jesus, pintura de Guido Reni
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